Entre 2000 e 2020, o ecossistema científico e empreendedor da Universidade do Porto foi responsável por mais de um quarto (207) dos 818 pedidos de patente europeia submetidos pelas instituições de ensino superior nacionais. Números que destacam a U.Porto na liderança das universidades portuguesas mais inovadoras e que ajudam a colocar Portugal no 17.º lugar entre os países com mais patentes académicas, de acordo com o relatório The role of European universities in patenting and innovation, elaborado pela Organização Europeia de Patentes (OEP).

Segundo o estudo agora divulgado, há 39 instituições nacionais que depositaram pelo menos um pedido de patente europeia de origem académica na OEP no período em análise.

A Universidade do Porto, que conta, desde 2004, com o seu próprio gabinete de transferência de tecnologia e de conhecimento – a U.Porto Inovação – , é a única universidade portuguesa que supera a marca dos 200 pedidos de patentes académicas. Seguem-se a Universidade Nova de Lisboa (155), Universidade de Lisboa (148), Universidade do Minho (131) e Instituto Superior Técnico (115).

Estes dados vão ao encontro dos do último relatório anual do European Patent Office, que coloca U.Porto no lugar mais alto do pódio das universidades que mais pedidos de patente europeia submeteram em 2023, à semelhança do que já tinha acontecido em 202020192018 2017. Dos 329 pedidos de patente europeia que saíram de Portugal o ano passado, pelo menos 29 tiveram origem na Universidade do Porto ou nos seus Institutos Associados.

Para Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto para a Investigação e Inovação, “a liderança no ranking dos pedidos de patentes europeias de origem académica reflete o contínuo investimento na valorização do conhecimento gerado pelo ecossistema de investigação da U.Porto“. E vai mais além: “A Universidade tem ativamente promovido a translação dos resultados da investigação e patentes em inovação, para benefício do tecido económico e da sociedade.”

No total, as universidades portuguesas são responsáveis por 0,76% de todas as patentes académicas da Europa nas duas décadas abrangidas pelo estudo. A lista, que inclui mais de 1.200 instituições europeias, é liderada pela Alemanha, França, Reino Unido e Itália.

Patentes académicas a crescer na Europa

Segundo a OEP, “os pedidos de patentes para invenções oriundas de universidades europeias têm vindo a aumentar nas últimas duas décadas, representando atualmente 10,2% de todos os pedidos de patente apresentados à OEP por requerentes europeus.”

No que toca a Portugal, o peso das patentes académicas é substancialmente maior, representando 34,2% de todos os pedidos de patentes europeias apresentados por requerentes portugueses à OEP, no período de 2000-2020.

O estudo indica ainda que “dois terços de todos os pedidos de patentes com origem em universidades europeias nas últimas duas décadas não foram apresentados diretamente pelas próprias universidades, mas por outras entidades, como pequenas e médias empresas”. Uma vez mais, Portugal contraria a tendência geral, uma vez que as universidades são titulares da maioria das patentes académicas do país.

Ainda assim, a OEP conclui que “as universidades europeias aumentaram substancialmente o número de pedidos de patente de invenção académicas, tendo a proporção aumentado de 24% de todos os pedidos de patentes académicas em 2000 para 45% em 2019, indicando uma mudança significativa na prática e na política de proteção e gestão da propriedade intelectual”.

Para António Campinos, Presidente da OEP, “este estudo põe em evidência a capacidade inventiva de origem académica em toda a Europa, e pretende disponibilizar informação mensurável e fidedigna que sirva de suporte ao desenho e adoção de políticas e estratégias de proteção e valorização do capital intelectual.

“Ao explorar o potencial inerente a uma patente, seja através da concessão de licenças, da colaboração com a indústria ou através da criação de startups, as universidades podem ampliar o seu impacto, gerando valor comercial e social”, destaca o responsável, lembrando que “a Europa tem uma longa tradição de excelência académica, mas por vezes temos dificuldade em transformar a investigação em sucesso comercial”.

O relatório The role of European universities in patenting and innovation, desenvolvido através do Observatório de Patentes e Tecnologia da OEP, em colaboração com o Instituto Fraunhofer de Investigação em Sistemas e Inovação (Fraunhofer ISI), apresenta-se como “o primeiro levantamento exaustivo de patentes provenientes de universidades europeias e dos desafios que estas enfrentam para colocar as suas invenções no mercado”.

 

Notícia escrita em colaboração com o Serviço de Comunicação & Imagem da Universidade do Porto.

Fotografia: Miguel Alves / Faculdade de Medicina da Universidade do Porto