A invenção “Panels with granulated rubber core and high pressure laminate faces and production method thereof”, liderada na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) por Fernão Magalhães, foi concedida na África do Sul em abril. No mês anterior, a tecnologia do grupo de investigação de Fernanda Borges, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, intitulada “Hydroxybenzoic acid derivatives, methods and uses thereof”, foi alvo de proteção via patente em Macau.
Painéis mais leves, económicos e sustentáveis.
Painéis mais leves, económicos e sustentáveis
“Trata-se de uma solução alternativa para a produção de painéis laminados compactos”, começa por explicar o investigador da FEUP Fernão Magalhães. São painéis que podem ter aplicações diversas, como por exemplo as típicas divisórias de casas de banho dos centros comerciais. A forma como esses painéis são, tradicionalmente, produzidos, faz com que tenham uma excelente resistência mecânica e química, porém o custo é bastante elevado. E é aí que entra a investigação em questão. Além de Fernão Magalhães a tecnologia desenvolvida tem o contributo de Jorge Martins e Luísa Carvalho, do Instituto Politécnico de Viseu, e de Cláudia Costa e Ana Vinhas, da empresa Surforma.
“A solução proposta substitui as folhas impregnadas usadas nas camadas interiores por um granulado de borracha, obtido a partir da reciclagem de pneus. É, depois, aglomerado com uma cola de poliuretano”, explica o investigador da FEUP. Apesar de o método de fabrico – prensagem a alta temperatura - ser muito semelhante ao do produto de referência, o custo de produção dos painéis fica “significativamente mais baixo”, refere. Além disso, a densidade do painel é também menor, tornando-o mais leve e facilitando a sua montagem, e o aproveitamento da borracha dos pneus faz com que seja um produto com valor acrescentado e sustentável. Assim, com todas as vantagens enumeradas, esta é uma solução com boas propriedades mecânicas e adequada para várias aplicações.
O desenvolvimento da tecnologia contou com uma parceria com a empresa Surforma, que detém uma empresa de distribuição e comercialização na África do Sul responsável por todas as vendas no continente africano. Esta concessão de patente naquele território é, por isso, muito relevante para a equipa. Os próximos passos incluem a industrialização da tecnologia de produção dos painéis, para que possam ser lançados no mercado em breve.
O segredo guardado nas células
Comecemos por olhar mais aprofundadamente para as células do nosso corpo, mais especificamente para a mitocôndria, isto é, a parte da célula responsável por produzir a energia da mesma. O problema começa quando, devido ao envelhecimento, a mitocôndria começa a ficar mais vulnerável ao stress oxidativo. Para piorar o cenário, este processo é ainda exacerbado pela exposição à poluição e à radiação UV. Esta questão poderia ser resolvida com recurso a antioxidantes, mas os atualmente usados não são capazes de alcançar a mitocôndria e, por isso, não são efetivos. Uma equipa da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, liderada pela investigadora Fernanda Borges (e da qual fazem parte também Ana Oliveira, Fernando Cagin e José Carlos Teixeira, da U.Porto, e Paulo Oliveira, da Universidade de Coimbra) quis encontrar uma solução para esse problema.
E como funciona a invenção? Podemos dizer que é uma espécie de GPS do antioxidante, explica Fernanda Borges: “Ligámos um antioxidante natural a um grupo químico que funciona como um auxiliar de navegação. Isto permite que os antioxidantes consigam localizar a mitocôndria e ter uma acumulação 5000 vezes maior quando comparados com os antioxidantes tradicionais”. Assim, os antioxidantes desenvolvidos fazem com que as células consigam aumentar as suas defesas antioxidantes.
O trabalho do grupo de investigação tem-se centrado no desenvolvimento e aplicação de moléculas antioxidantes em produtos cosméticos, capazes de retardar os efeitos do envelhecimento da pele. No entanto, essas moléculas têm também “aplicação direta como princípios ativos que poderão dar origem a terapêuticas para várias doenças neurodegenerativas e hepáticas, para as quais de momento não existe qualquer tratamento eficaz”, contam os investigadores.
A invenção, que este ano foi alvo de concessão em Macau – a primeira para a Universidade do Porto - tem patentes concedidas também em Portugal, Estados Unidos, Brasil, e em mais de uma dezena de países europeus. Aguarda uma possível concessão no Canadá, China, Coreia do Sul e Japão. Além disso, o grupo de investigadores decidiu fundar uma empresa, a MitoTAG, que em 2018 recebeu a chancela spin-off U.Porto.