A Smartex, spin-off da Universidade do Porto e startup incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, acaba de fechar uma ronda de investimento de mais de 24,7 milhões de dólares. Este capital vai permitir à empresa expandir para outros mercados – nomeadamente para a Ásia –, explorar novos produtos e fazer melhorias no hardware e infraestruturas nas fábricas.
A startup da UPTEC criou uma tecnologia que deteta defeitos em têxteis em fase de produção, o que permite reduzir os defeitos de produção para perto de 0%, diminuir o desperdício e a produção têxtil defeituosa, assim como aumentar a competitividade e qualidade da indústria.
Ao recorrer a algoritmos de inteligência artificial e machine learning, a tecnologia da Smartex realiza uma inspeção automatizada e em tempo real das máquinas de tricotar circulares, o que permite identificar os defeitos à medida que eles acontecem e, consequentemente, resolver o problema de forma rápida.
“Esta indústria só mudará se a tecnologia for aplicada em escala – com eficiência de preço e excelência operacional –, só assim poderemos criar um impacto real no mundo. A nossa visão e objetivo de longo prazo é expandir para outras indústrias para permitir que fábricas em todo o mundo produzam com significativamente menos desperdício. Precisamos desenvolver produtos e processos escaláveis e ajudar as fábricas têxteis a fazer a coisa certa.”, garante António Rocha, CTO da Smartex.
O impacto ambiental dos têxteis
A indústria da moda é considerada a terceira mais poluente, responsável por 20% da poluição global e 10% das emissões de gases com efeitos de estufa. Além disso, estima-se que anualmente sejam produzidas 92 milhões de toneladas de desperdício têxtil.
“Esta indústria é muito desafiante! Essa é uma das razões pelas quais poucas empresas de tecnologia operam aqui. A maioria das fábricas não tem a infraestrutura necessária para receber tecnologia de ponta. Estamos muito satisfeitos por já estar a criar um grande impacto tanto ambiental quanto financeiro para as nossas fábricas parceiras – mas quando comparado com o tamanho geral da indústria, não parece nada! E esse é um desafio fundamental de operar numa indústria tão grande, explica António Rocha.
A solução da Smartex já assegurou a poupança de 300 mil kg de tecido, 33 milhões de litros de água e 2,7 milhões de kWh de energia, o que se traduz numa redução de 650 000 kg de emissões de CO2.
“Não vamos parar até que tenhamos feito uma grande diferença, estamos apenas a começar! No futuro, todas as fábricas estarão totalmente conectadas, automatizadas e sustentáveis e queremos ser parte ativa e significante nesta revolução.”, admite o CTO da spin-off da U.Porto.
Nascidos na U.Porto e à procura de talento
Fundada por António Rocha, Gilberto Loureiro e Paulo Ribeiro, alumni da FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a startup deu os primeiros passos na Escola de Startup da UPTEC. Desde então, já conquistou clientes nos mercados da Europa, Ásia Central, América do Sul e África e angariou mais de 27 milhões de euros.
Atualmente, a Smartex já conta com uma equipa de 91 colaboradores de 17 nacionalidades diferentes, e pretende chegar aos 100 colaboradores até ao final do ano. A empresa procura talento nas áreas de engenharia, software, produto e operações e tem, atualmente, 34 vagas em aberto.
Esta série A de investimento foi liderada por capitais de risco internacionais: Lightspeed Venture Partners dos Estados Unidos, e pelo estúdio britânico Build Collective. Além disso, H&M e Kering – holding que detém a Gucci e Balenciaga – e a portuguesa Faber também participam na operação.
O anúncio da angariação da ronda de investimento acontece um ano após a Smartex vencer o prémio Pitch, para melhor ideia, do Web Summit.