Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Nuno Silva, Diretor de Inovação e Tecnologia da Efacec.  Na sua opinião, "a complementaridade de competências entre a indústria e a academia é não só pertinente mas um fator de sucesso do negócio", refere.

P: Qual a importância da relação da Efacec com o meio cientifico e tecnológico?

R: Desde sempre, a Efacec, uma empresa com mais de 70 anos, tem sabido explorar a importância de parcerias que ajudem a complementar e ampliar o ecossistema de inovação.  Sendo uma empresa de forte pendor tecnológico e que baseia a sua oferta no mercado em soluções de valor acrescentado para o cliente e que sejam diferenciadoras.  É precisamente por ambas estas razões que a complementaridade de competências entre a indústria e a academia é não só pertinente mas um fator de sucesso do negócio. Entidades do SCT são essenciais na ideação e desenvolvimento de projetos de R&D e até na definição de alguns vetores da estratégia tecnológica que fazemos.  É bom questionar e ser questionado, debater o estado da arte e explorar metodologias ou algoritmias novas, algumas apenas usadas em ambiente simulacional e que passam agora para processos de industrialização de forma a aumentar a competitividade das nossas soluções, sistemas e serviços.

 

P: Como é que Efacec tem vindo a interagir com a U.Porto?

R: A Universidade do Porto tem sido um parceiro de muito longa data da Efacec e que evidencia a forma sustentável como estas parcerias podem funcionar, contribuindo para a geração de valor para ambas as partes e até para a sociedade em geral.  Temos vindo a manter e criar até novas parcerias com inúmeros departamentos das Faculdades da Universidade do Porto (são exemplo as Faculdades de Engenharia, Ciências, Economia, Porto Business School, entre outras) bem como com muitos institutos de investigação e laboratórios associados que integram a U.Porto.  Estes têm vindo a fazer parte da nossa estratégia tecnológica e participado em projetos conjuntos, sejam nacionais, europeus ou até transcontinentais.  São já mais de uma centena de iniciativas conjuntas que foram desenvolvidas ao longo dos tempos e que continuam ao dia de hoje, com a criação de Propriedade Intelectual e a tangibilização de resultados através de um consciente processo de industrialização e introdução no mercado.

A perceção das necessidade atuais e futuras dos clientes é um desafio que a academia tem feito um esforço de percecionar de forma mais eficiente, e que permite traduzir em valor o conhecimento conjunto.  Existem até exemplos de relações que são sustentadas e continuadas ao longo de vários anos e que cujo know-how conjunto faz parte de soluções que temos em funcionamento em clientes, como é o exemplo da parceria de mais de 25 anos com o INESC TEC ou com o Dep. Eletrotecnia da Faculdade de Engenharia há várias décadas.  

 

P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente?

R: Existem inúmeros desafios tecnológicos que a transição energética traz a todos os stakeholders do setor, tal como são a Efacec e a Universidade do Porto embora em fazes da cadeia de valor diferentes.  Estes, por muito desafiantes que sejam, com a experiência e conhecimentos específicos que temos já estão a ser endereçados, e muitos deles de forma conjunta.  O foco deste tipo de parcerias está, sim, em questões que se prendem com a formação dos recursos humanos, a adequação da sua especialização às necessidades do mercado de trabalho e alinhados com os requisitos da indústria.

O planeamento dos métodos de ensino, conteúdos e tópicos de investigação deve ser feita de forma conjunta, de forma a promover uma maior aproximação entre estes dois mundos.  Ou seja, o desafio não está nos domínios tecnológicos ou conhecimentos de base mas sim na articulação entre o Roadmap Tecnológico da indústria, as novas tendências e a forma como a academia endereça esta transformação e consegue questionar proativamente (algo muito importante) a forma de inovar das empresas, contribuindo para o aumento da eficiência, redução do time-to-market, acentuando a diferenciação e ainda o impacto (positivo) para a sociedade.  A melhor forma de o fazer é desenvolvendo uma estratégia de longo prazo conjunta desde a sua génese.