Nesta edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Elisabete Matos,  Diretora de Inovação da Soja de Portugal.  Faz este ano 30 anos que a empresa celebrou o seu primeiro protocolo de colaboração com a Universidade do Porto e Elisabete Matos é da opinião que a relação entre as duas instituições tem vindo a "fortificar-se ao longo dos anos"

P: Qual a importância da relação da Soja de Portugal com o meio cientifico e tecnológico?

R: Um dos principais vetores estratégicos da Soja de Portugal é a inovação,  reconhecendo-a como uma dimensão fundamental para ser líder no mercado nacional e adquirir uma posição de destaque no mercado internacional. É com base no diálogo constante com os nossos clientes que procuramos criar soluções feitas à medida de cada situação e de acordo com as necessidades de cada um.  Acreditamos também numa metodologia de inovação aberta,  através da nossa rede de clientes,  fornecedores,  institutos científicos e restantes parceiros.

O meio científico e tecnológico é essencial para garantir que as soluções que apresentamos aos nossos clientes são desenvolvidas de forma sustentada e guiada pelos mais exigentes padrões de I&D. A relação com este meio permite-nos ter acesso às melhores competências disponíveis,  de uma forma que seria muito difícil de obter,  caso optássemos por internalizar o nosso processo de inovação.  Desta forma,  temos vindo a consolidar ao longo dos anos o nosso ecossistema de inovação com base na construção de uma relação simbiótica com Universidades e Institutos de Investigação de renome,  tanto nacionais como internacionais.

 

P: Como é que Soja de Portugal tem vindo a interagir com a U.Porto?

R: Faz este ano 30 anos que a Soja de Portugal celebrou o seu primeiro protocolo de colaboração com a Universidade do Porto, mais especificamente com o ICBAS. O protocolo visava o desenvolvimento e o fabrico de alimentos compostos para aquacultura e foi a base de uma das nossas áreas de negócio, a Aquasoja, que hoje em dia representa a maior parte das exportações do grupo. A nossa interação com a Universidade do Porto tem-se fortificado ao longo dos anos. Atualmente temos em curso vários projetos de I&D conjuntos, nas áreas de aquacultura e de pet food, financiados pelo Portugal 2020, mas também desenvolvemos em conjunto projetos mais pequenos, com financiamento próprio. É comum recebermos visitas de alunos nas nossas instalações, para que conheçam melhor os processos industriais das nossas áreas de negócio. Aliás, desde 1999 que os alunos do mestrado integrado em medicina veterinária do ICBAS têm regularmente aulas nas nossas instalações na Avicasal.

Além disso, desde 2012 que financiamos projetos do Programa IJUP-Empresas, o que nos permite reforçar a relação com diferentes equipas de investigação da Universidade do Porto, de forma a compreender se temos objetivos comuns para trabalhos futuros. Não posso deixar de referir a nossa participação no programa doutoral em nutrição animal SANFEED, que está agora na sua última edição e no qual financiámos parcialmente 5 bolsas de doutoramento em ambiente empresarial nas nossas áreas de atuação.

 

P: Quais os principais desafios que os dois agentes têm pela frente?

R: Julgo que o principal desafio que enfrentamos é manter a relevância num mundo em evolução constante e exponencial. A investigação, mesmo a aplicada, demora tempo e consome recursos. Torna-se cada vez mais difícil definir estratégias conjuntas de I&D a médio e longo prazo, que permitam iniciar hoje o trabalho que nos vai dar soluções para os desafios de amanhã, quando surgem constantemente novos caminhos e novos desafios. Hoje a nossa relação com a Universidade do Porto torna-nos mais ágeis na mudança, mas muito facilmente se poderá inverter esta tendência, pelo que teremos que nos manter vigilantes. No entanto, estou certa que quaisquer desafios que enfrentemos em conjunto serão superados com sucesso.