Na terceira edição da rubrica "À conversa com as empresas" fomos conversar com Carlos Martins Andrade, Diretor de Inovação e Tecnologia da Galp Energia. "A Universidade do Porto é uma das universidades nacionais com quem a Galp tem uma relação privilegiada", referiu o Diretor.
P: Qual a importância da relação da Galp com o meio cientifico e tecnológico?
R: A Galp opera num setor altamente competitivo no qual a inovação, a investigação e o desenvolvimento tecnológico são fatores vitais para assegurar a sustentabilidade das nossas atividades, bem como para maximizar o valor que conseguimos extrair do nosso portefólio de ativos.
Neste contexto, há já vários anos, temos vindo a estabelecer e reforçar parcerias com diversas entidades do meio científico e tecnológico, dando sempre destaque às entidades nacionais, nas quais, de forma reconhecida, é gerado conhecimento. Este conhecimento ao ser aplicado na nossa indústria, contribui de forma marcante para a sustentabilidade das nossas operações e para a diferenciação dos nossos produtos e serviços.
Tal tem sido particularmente notório, por exemplo, na atividade de Refinação, na qual, desde 2009 temos vindo a apoiar doutoramentos no âmbito do ENGIq, Programa Doutoral e de Formação Avançada em Engenharia da Refinação, Petroquímica e Química, com o objetivo de formar colaboradores altamente qualificados e desenvolver o conhecimento das tecnologias e processos de refinação. Estamos também fortemente comprometidos com o desenvolvimento de conhecimento aplicado à Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, sendo que temos diversos projetos em curso que envolvem universidades nacionais e estrangeiras.
Por outro lado, a Galp ambiciona ter um papel ativo na mudança de paradigma energético, nomeadamente através da antecipação de novas tendências, da adaptação do seu portefólio às necessidades futuras, criando sempre que possível sinergias com a presente atividade. E também nesta vertente, a relação com o meio científico e tecnológico é fundamental, por exemplo, a nível de desenvolvimento de tecnologias de captura de dióxido de carbono, de novas medidas de eficiência energética ou, até mesmo, na criação de soluções diferenciadoras suportadas por fontes de energia renováveis.
P: Como é que a Galp tem vindo a interagir com a Universidade do Porto?
R: A Universidade do Porto é uma das universidades nacionais com quem a Galp tem uma relação privilegiada, essencialmente alicerçada em Programas com alguma longevidade:
- No âmbito Programa ENGIq, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto é uma das escolas que participa no programa desde a sua formação em 2009.
- No programa Galp 21, criado em 2007, contamos com a participação da FEUP desde 2010. Este programa tem por objetivo a realização de projetos de eficiência energética por alunos finalistas de mestrado, nas instalações de clientes de referência da Galp. Ao longo de 6 meses os alunos desenvolvem os projetos com os clientes e posteriormente são selecionados e premiados os 3 melhores projetos de cada uma das universidades participantes.
- Enquanto membro do ISPG – Instituto do Petróleo e do Gás, a Universidade do Porto participa no Mestrado em Engenharia do Petróleo, ministrado em conjunto pelo ISPG e pela Heriot Watt University. Criada em 2014, esta parceria visa formar profissionais qualificados, especialistas na exploração e produção de Oil & Gas.
Para além destes programas, a Galp e a Universidade do Porto têm trabalhado num conjunto de projetos específicos de investigação. Exemplo disso é o projeto de captura e reutilização de CO2 que tem vindo a ser desenvolvido desde 2015 com a Faculdade de Engenharia. Está ainda em estudo a possibilidade de incluir neste projeto uma vertente de produção de combustíveis sintéticos a partir do aproveitamento de CO2.
P: Quais os principais desafios que dois agentes têm pela frente?
R: O principal desafio na relação entre as duas entidades, tal como ocorre com qualquer parceria, passa por assegurar que as entidades são capazes de se complementar, de garantir que existe capacidade para um entendimento das necessidades da outra parte e que ambas reconheçam que a parceria acrescenta valor ao longo do tempo. Tal passa por um alinhamento de interesses, aproximando a geração do conhecimento com a aplicação aos negócios.