Continuar a usar um casaco de vison, ou pelo, sem que isso signifique a morte de um animal? Sim, é possível, e a tecnologia está a ser desenvolvida por uma empresa portuense. A Biofabics, spin-off da Universidade do Porto graduada da UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, está a produzir folículos capilares em laboratório, que poderão substituir pelo, lã e até mesmo cabelo.
Esta inovação ficou no radar da Comissão Europeia resultando num financiamento de 4 milhões de euros. Este montante vai ser gerido pela Biofabics, sendo que desse total 700 mil euros serão utilizados exclusivamente pela spin-off. “O montante será aplicado no desenvolvimento da nossa tecnologia, que permite “biofabricar” e cultivar, de um modo automatizado, células com folículos capilares”, conta Pedro Costa, CEO da Biofabics.
O objetivo é que esses folículos, quando suficientemente maturados, originem substitutos de pelo, lã ou cabelo, num processo mais eficiente e livre de sofrimento animal. “Pretendemos, assim, eliminar o sacrifício de animais e tornar a indústria da moda mais eficiente e animal-free”, acrescenta Pedro Costa.
A Biofabics trabalha diariamente para garantir a produção em grande escala de folículos capilares, que podem ser de humanos, de animais em vias de extinção ou de lã de ovelha, todos eles desenvolvidos em laboratório e a partir de culturas de biópsias: “A partir das biópsias dos animais produzimos uma grande quantidade de células de pele que, por sua vez, originam pelo, como acontece naturalmente. A diferença é que, neste caso, isso acontece no laboratório, em incubadoras de grande dimensão, e sem o sofrimento ou morte dos animais”, explica o CEO.
A empresa pretende, a longo prazo, eliminar o sacrifício de animais e tornar a indústria da moda mais eficiente e animal free. Segundo Pedro Costa, este projeto irá contemplar o “melhor de dois mundos”: “permitirá que as pessoas continuam a usar um casaco de vison ou pelo, se assim o desejarem, mas sem que isso represente a morte de um animal”, diz.
De olhos postos no futuro, a Biofabics tem vários projetos de investigação em curso. Falamos de “criação de modelos in vitro de osso, cartilagem, pulmão, pele e coração humano até à criação de modelos in vitro de intestino para estudar e otimizar a alimentação de peixe em aquacultura”, adianta Pedro Costa, levantando a ponta do véu para novidades que a spin-off trará nos próximos tempos.