“Process for production of 2-phenylethanol by a selected acinetobacter soli strain and uses thereof”: um nome extenso, resultado de duas décadas de trabalho da equipa liderada por Luísa Peixe, da Faculdade de Farmácia.
As cientistas do grupo de investigação liderado pela docente e investigadora têm se dedicado ao estudo da resistência aos antimicrobianos em diversos nichos (clínico, ambiental, animal) e durante o desenvolvimento de alguns trabalhos com bactérias de origem ambiental, foram surpreendidas por uma cultura bacteriana com um “agradável cheiro a rosas”, como o descrevem. Depois dessa descoberta, e contando com o apoio de investigadores de outras unidades, nomeadamente da Universidade Nova de Lisboa, partilhando ambos os grupos de uma curiosidade bastante aguçada, puseram mãos à obra para deslindar o produto e a via de produção do aroma.
“Verificou-se assim que o isolado, pertencente ao género Acinetobacter, apresentava uma via metabólica (existente em muito poucos microrganismos, na sua maioria fungos) que lhe permitia produzir o composto designado por 2-feniletanol (2-PE) e que é responsável pelo aroma a rosas”, contam as cientistas.
Neste momento, o grupo está focado em trabalhar na “otimização do processo de crescimento bacteriano, testando novos nutrientes”, de forma a reduzir os custos de produção de 2-PE. Além disso, estão também a desenvolver estudos para melhorar a extração do composto do meio da cultura. O objetivo a curto-médio prazo é ter um processo de produção de 2-PE com elevada rentabilidade, testando-o à escala industrial. Segundo as investigadoras, já várias “empresas de produção de aromas têm mostrado interesse”, pelo que este passo da caminhada pode estar para breve. “Com o apoio da U.Porto Inovação esperamos encontrar o parceiro apropriado para a valorização do nosso processo”, refere Luísa Peixe.
Em 2022, esta inovadora descoberta garantiu uma concessão de patente em território Portugal. Para Luísa Peixe esta conquista, bem como a possibilidade do uso da tecnologia pela indústria, fez a equipa “olhar para a coleção bacteriana e pensar que é possível aproveitá-la em benefício de todos”, conclui.