Em janeiro de 2020 a Universidade do Porto abraçou um novo projeto internacional, desta vez focado no Empreendedorismo Social Corporativo (ESC). O principal objetivo do projeto Embrace é promover o empreendedorismo social corporativo nos programas educacionais das instituições de ensino superior. Ao mesmo tempo, a iniciativa sugere maneiras de melhorar as competências, a empregabilidade e as atitudes dos alunos, contribuindo para a criação de novos negócios e oportunidades.
Entre outras abordagens para ajudar no cumprimento desses objetivos, foi criado o Advisory Board (AB), composto por especialistas internacionais, que guiarão os parceiros do projeto Embrace, complementando o conhecimento dos mesmos. Trazendo as suas experiências para o seio do projeto, os membros do AB darão outra dimensão às atividades do Embrace revendo as atividades, o progresso e os resultados. As conclusões retiradas deste painel de especialistas terão um resultado muito importante no projeto Embrace, ajudando a criar estratégias para lidar com os principais desafios.
O AB é composto por cinco especialistas na área do Empreendedorismo Social Corporativo (ESC). Entre eles está o português Carlos Azevedo, Presidente do Conselho de Administração da IES Business School. Na sua opinião “o projeto Embrace é fundamental para garantir que a discussão sobre o CSR e ESC se torna tum tema central na agenda política, científica e de inovação”
P: Qual a sua visão acerca da importância do Corporate Social Entrepreneurship?
R: O Corporate Social Responsability (CSR) nasce da necessidade de as empresas ativarem novas fontes de valor. Hoje em dia o talento procura mais propósito na sua carreira e os consumidores exigem produtos e serviços mais sustentáveis e responsáveis. Isto significa que os maiores desafios dos nossos tempos são, igualmente, as maiores oportunidades para a criação de valor. O CSR 2.0 passa por alinhar os interesses pessoais com os benefícios coletivos, garantindo que existem os incentivos para inovar enquanto são resolvidos os problemas mais prementes da sociedade.
P: O que acha que as universidades podem fazer para alertar/ajudar as empresas para a importância deste tema?
R: As universidades têm um papel fundamental na proliferação e diversificação do mercado de ideias. Na prática, significa garantir que a produção científica faz avançar o conhecimento nesta área, produzindo ferramentas que ajudem as empresas a convergir para a agenda do impacto enquanto são capacitados os líderes do futuro que a valorizem e saibam como enfrentar os principais desafios da sociedade.
P: Como membro convidado para o Advisory Board do projeto Embrace, quais considera serem os seus maiores contributos?
R: O meu contributo resulta da minha experiência no apoio a uma comunidade com mais de 8000 pessoas e organizações que têm o impacto no seu ADN e na sua prática quotidiana. Ao longo dos anos tenho procurado sistematizar todo esse conhecimento, garantindo que este é passado para outros, reduzindo os gaps e as assimetrias de informação e, paralelamente, garantindo que esta agenda se torne mainstream. Este é igualmente o papel que posso desempenhar neste Advisory Board.
P: Mais especificamente em relação ao projeto Embrace, o que acredita que o projeto pode conseguir?
R: O projeto Embrace é fundamental para garantir que a discussão sobre o CSR e ESC se torna tum tema central na agenda política, científica e de inovação. Acho, sinceramente, que projetos de investigação aplicada trazem credibilidade e materializam práticas que muitas vezes estão no plano das ideias ou da abstração. Este contributo é manifestamente importante para uma mudança definitiva de paradigma.
P: Considera que temos bons casos de empreendedorismo social corporativo em Portugal? O que falta fazer?
R: Existem vários exemplos nacionais e internacionais de Empreendedorismo Social Corporativo a vários níveis - startups que nascem focadas no impacto (coloradd), organizações que se reinventam a partir de desafios sociais e/ou ambientais (Grieg Green) e outras que procuram incorporar o impacto ao longo da sua cadeia de valor (Tony Chocolonely). Todavia, ainda há muito a fazer para que esta agenda se torne mainstream, sobretudo nas áreas de capacitação, inovação e liderança para garantir que apesar das tendências e das pressões nas diferentes cadeias de valor, as práticas não sejam apenas pontuais.
O EMBRACE é um projeto co-financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia. A Universidade do Porto é um dos parceiros, através da U.Porto Inovação e do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (IS-UP). Os restantes parceiros são: Waterford Institute of Technology (Irlanda), Vilnius Gediminas Technical University (Lituânia), DRAMBLYS (Espanha), Budapest University of Technology and Economics - BME (Hungria), National School of Political Studies and Public Administration (Roménia), Domhan Vision (Alemanha), Hellenic Management Association (Grécia), Digital Technology Skills Limited (Irlanda), e Hanze University of Applied Sciences, Groningen (Países Baixos).